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Oliveira Campos Consultoria

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19/06/2023
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Você já pensou em ter um novo sócio no escritório (1)?

Para a maioria dos escritórios crescer significa trazer novos sócios patrimoniais para a banca. Esse raciocínio não é gratuito. Ter novos advogados com participação efetiva na sociedade significa novas pessoas coordenando equipes, assegurando entregas de alto nível aos clientes e representando a banca no mercado.

 A questão que se coloca, claro, é como conseguir novos advogados em condições de conduzir a firma para o futuro? Existem basicamente dois modos de fazer isso. O primeiro deles é orgânico, ou seja, desenvolvendo profissionais internamente até que estejam prontos para alcançar a sociedade. O segundo, muitas vezes chamado de “crescimento lateral”, é trazendo profissionais do mercado que já se incorporam à sociedade como sócios.

 Há fatores prós e contra os dois métodos de ampliação. Se esse crescimento é fundamental para sua banca, no entanto, você deve conhecer muito bem as vantagens e desvantagens de cada um, tomar a decisão correta e planejar adequadamente cada passo a ser dado. Nosso objetivo é facilitar seu trabalho.

 O modo orgânico é a forma mais natural de ampliar a sociedade. Você contrata advogados talentosos em início de carreira, oferece a eles oportunidades de desenvolvimento e vai promovendo aqueles que são bem-sucedidos frente aos desafios que lhe são apresentados. Em algum momento eles poderão chegar lá.

 Parece simples e, naturalmente, não é. Formar um sócio do zero requer tempo, investimentos financeiros, uma boa política de gestão de pessoas e um tanto de sorte com os fatores imponderáveis que ocorrem no meio do caminho. Afinal, um advogado que inicia na firma como júnior terá, no mínimo, oito ou 10 anos de atuação até que possa pleitear uma posição na sociedade patrimonial.

 Nesse meio tempo, muita coisa pode acontecer. Seu escritório pode concluir que o advogado não tem os atributos essenciais para continuar na empresa e demiti-lo. O profissional, por sua vez, poderá encontrar oportunidades melhores no mercado ou pensar que 10 anos trabalhando no mesmo local, simplesmente não é para ele. Aliás, essa visão é cada dia mais comum entre os jovens profissionais.

 Mas o método orgânico tem vantagens importantes. Os profissionais que ficaram muito tempo na banca têm com ela uma grande identificação. Seus valores são coincidentes com aqueles predominantes na firma, eles admiram os sócios atuais e valorizam aspectos importantes da cultura local. Por consequência, quando passam a integrar a sociedade, isso acaba representando uma continuidade natural da carreira. As chances de grandes rupturas e problemas são menores.

 Aliás, esse é exatamente um dos problemas comuns atribuídos à formação de sócios de modo lateral. Quando os líderes da banca resolvem ir a mercado para ampliar o tamanho da firma, não é raro que grandes turbulências aconteçam. Muitas vezes, a pressa de se agregar um novo faturamento à banca ofusca inúmeros problemas que a nova sociedade terá.

 Em muitos casos o novo sócio simplesmente não consegue trazer o tal faturamento que prometia. Os clientes que supostamente eram seus, acabam optando por permanecer na banca anterior. A frustração é geral e muito dos acertos financeiros previamente definidos com o novo profissional não mais se sustentam.

 Mas, mesmo que o faturamento venha junto com o novo sócio, os problemas podem acontecer. Quem traz dinheiro para a sociedade, julga-se detentor de poder com relação à mesma. Quem tem poder, quer usá-lo. Em muitos casos, o novo sócio começa a questionar as práticas do velho escritório e, com ou sem razão, causa um grande desconforto entre aqueles que já estavam presentes na firma.

 Esse desconforto não é necessariamente ruim, mas quando a incorporação de um novo sócio não é planejada devidamente ou quando os atores envolvidos não possuem habilidade emocional para lidar com as divergências, os conflitos se amontoam. No limite, são esses conflitos que levam à morte prematura da nova sociedade.

 Aqui tocamos em um ponto essencial para o sucesso na ampliação da sociedade: planejamento. Embora seja óbvio, não é demais frisar que esse trabalho se inicia antes mesmo de se definir pelo modelo orgânico ou lateral. O sócio principal da banca ou comitê gestor da firma devem refletir com profundidade sobre questões como:

  • por que, afinal, queremos um novo sócio? o que esperamos dele?
  • quais papéis ele deve ser capaz de exercer? Executor? Captador? Referência técnica em determinada área?
  • quais as competências ele deve possuir?
  • quais os valores mais importantes que deve demonstrar?
  • em que fase de carreira seria importante estar?
  • o que temos a oferecer aos possíveis interessados em se associar ao escritório? E por aí vai.

 Essa reflexão dará um norte importante na seleção do profissional que deve ser alçado à sociedade na firma. Seja ele alguém que fez sua carreira na própria banca, seja alguém oriundo do mercado. Sem dúvida, esse é o primeiro e decisivo passo para o sucesso no crescimento da sociedade. O segundo, diz respeito ao modo como esse profissional será selecionado e como será seu processo de integração à banca. Trataremos disso em mais detalhes em nosso próximo artigo na Sexta Básica. Não perca.